CAPÍTULO 1

 

Will

 

Uma boa oportunidade não cai do céu. Mas se cair, eu estou pronto para agarrar.

Com tanto dinheiro em jogo, meus alertas estavam sempre ligados. Bolsas de valores pelo mundo, imóveis, o ducado que herdei, a propriedade centenária na Inglaterra, os muitos imóveis em vários países, os milhares de funcionários da minha empresa, família complicada: tudo sob minha responsabilidade.

Eu fechei os olhos para descansar da tela do meu laptop que piscava o anúncio de fechamento das bolsas na Ásia e esfreguei o rosto. Já era tarde, ou cedo – na verdade estava no meio da madrugada, mas a noite ainda era escura lá fora. Onde mesmo eu estava? Na minha vida de nômade, às vezes até precisa me concentrar para lembrar quais compromissos me levara para aquele canto do mundo.

Levantei da mesa grande na suíte do hotel de luxo e fui ao frigobar pegar algo para beber. Os copos de cristal tinham um emblema: Plaza São Paulo.

― That’s it: Brazil.

Falei sozinho chegando perto das grandes janelas para olhar a vista da cidade que, como eu, se recusava a dormir. Carros passavam lá em baixo, luzes piscavam, até um helicóptero rasgou o céu. A cerveja caiu mal, mas eu continuei a beber porque, oras, que diferença fazia?

Estava sozinho ali em um hotel, como sempre. Viciado em trabalho, como sempre. Nem os dez milhões que tinha acabado de ganhar no fechamento da bolsa de Shanghai me acalmaram naquela noite.

Voltei a mesa e peguei meu telefone, eu precisava de companhia e, para isso, bastava consultar meu harém, que era como eu chamava o grupo de contatos sigilosos que mantinha na minha agenda pessoal que nenhum assessor sabia que existia. Eram mulheres com quem saí ou que poderiam me interessar no futuro.

Cliquei em Brasil, depois refinei a busca para São Paulo. Duas modelos famosas, uma delas era escorte profissional. Apesar dos nudes armazenados, nenhuma das mulheres de corpos esculturais me animou o suficiente. Ampliei a busca para Brasil, seria fácil mandar um helicóptero buscar quem eu quisesse – nem me custaria caro.

Três fizeram meu corpo responder, de leve. A calça que eu usava não chegou a me incomodar, mas ter belas mulheres na minha cama não seria ruim. Se ao menos duas delas aceitassem o convite, a brincadeira seria interessante.

Abri o aplicativo de mensagens, mas vi a hora. 3:30 da madrugada.

Suspirei frustrado e bebi mais um gole da cerveja. Até elas chegarem, seria ao menos 5 da manhã e eu tinha um dia cheio no escritório. Eu estava chegando à conclusão que precisava tirar uns dias de férias, quem sabe poderia para me dedicar a…

― A que, Lorde Willard Atkins, o poderoso Duque de Horsefall? ― me perguntei com sarcasmo na voz.

As cortinas, poltronas, cadeiras da sala de jantar ficaram mudas. Nem o copo de cristal fosqueado pela cerveja gelada me respondeu nada. Eu queria tempo para viver sem as amarras que me faziam prisioneiro das obrigações com meus negócios e meu sobrenome.

Argh, família. ― Bloody hell. ― xinguei em voz baixa pensando nas mensagens das minhas irmãs que eu ignorei, elas exigiam minha presença em uma festa estúpida da mulher que minha mãe exigia que eu pedisse em noivado. Sacudi a cabeça pensando em mais aquela maluquice da duquesa tirana, ela certamente fazia para me desestruturar, sabia que eu nunca ia ceder aos planos dela.

Casar com uma mulher de boa família somente para produzir um herdeiro de pedigree me parecia coisa de cachorro de raça, daqueles caros que ganham prêmio. Foi o que meu pai fez e nossa vida foi um desastre. A minha era especialmente difícil, mais que das minhas irmãs, meros acidentes de percurso na insistência do meu pai. Ele precisava de um herdeiro homem para manter o Ducado e só concordou em parar de ter filhos quando nasceu um menino – eu. Elas nunca me perdoaram pelo pecado de fazê-las irrelevantes que eu cometi vindo ao mundo.

Eu era o dono de tudo, o homem de negócios, e apesar das tentativas de minar minha autoconfiança, eu sabia que era bom para caralho no que fazia. Mas me faltava algo.

Por mais que eu soubesse que na minha vida não havia espaço para um amor, eu me perguntava se seria bom ter uma mulher minha, que me acompanhasse e apoiasse. Olhei para a cama vazia intocada e quase vi um corpo cheio de curvas me chamando para descansar. Primeiro eu iria fazer um pouco de tudo, e seria até diferente do que com as modelos porque seria alguém que me pertencia. Depois eu ia pegar no sono sorrindo, sabendo que quando abrisse os olhos de manhã, ela ia estar lá para me dizer: ― Estamos em São Paulo, love.

Sacudi a cabeça, escolhi nos contatos e liguei para Michael, meu amigo de infância. Ele atendeu no segundo toque.

― Fala, Michael!

― Fala, brother.

― Preciso da sua ajuda.

― Estou sentando na moto, tenho uma reunião do clube de rugby em dez minutos. Dá para esperar?

― Não. ― eu sorri de lado. ― Preciso que você me diga que estou ficando maluco.

― Tá maluco, cara? ― Michael respondeu imediatamente e nós dois rimos.

― Estou achando que preciso de uma namorada.

Michael riu mais alto ainda.

― Maluco é pouco, você está delirando! Aproveita a festa da sua quase noiva na sexta e mergulha de cabeça!

Eu senti a cerveja voltar na minha garganta.

 Hell, no!

― Vai passar quanto tempo aqui dessa vez?

― Uma semana, talvez mais.

― Vamos sair, tomar um porre daqueles, conhecer umas mulheres gatas e você vai estar curado disso. Só precisa aguentar de hoje até sexta, cinco dias, brother.

Olhei meu reflexo no vidro da janela e ri sozinho da minha carência de merda.

― Fácil. A chance de uma garota dos sonhos aparecer na minha frente como conto de fadas é zero!

― Ah, imagina uma daquelas herdeiras que nossas famílias vivem tentando nos enfiar goela abaixo? Educada, contida, fala dez línguas, toca piano-

Eu interrompi meu amigo.

― Piano não, nunca! Tenho horror daquela merda!

Ele riu alto de novo.

― Ainda sente a dor de ter os dedos presos na tampa! Cara, suas irmãs são umas bruxas, quem faz isso com um menino de 4 anos?

Rugi baixo na garganta flexionando meus dedos.

― Odeio pianos.

― Tenho que correr, vida de dono de time de rugby é dura. Fica solteiro até chegar aqui. Nunca vi ninguém se apaixonar perdidamente em um semana.

― Verdade. ― concordei.

― A gente se vê na porra da festa de merda da sua noiva.

― Vai à merda, Michael. ― xinguei rindo e ouvi a risada de deboche dele do outro lado. ― Bom dia, brother.

― Até mais, vossa graça.

Eu desliguei sacudindo a cabeça para aquilo, ele era sangue azul como eu, mas vivia fugindo de suas responsabilidades. Talvez eu devesse ser assim também.

Decidi tomar um banho antes de deitar. Eu duvidava que minha vida fosse virar de ponta cabeça nos próximos dias e tinha que estar descansado para enfrentar as reuniões de trabalho do dia seguinte.

 

 

CAPÍTULO 2

 

Theo

Foi tudo culpa da minha saia da sorte.

Se não fosse eu ter aquela minissaia de camurça caramelo, nada de extraordinário teria acontecido comigo. Mas como a tal sainha era minha roupa favorita, eu usei na entrevista de emprego dos meus sonhos na Horsefall S.A.

E aí tudo aconteceu.

Era início de um novo ano, apenas começando Fevereiro, eu estava cheia de esperanças e nem fazia ideia de que tudo seria diferente, muito diferente na minha vida.

Aquele dia começou como todos os outros: dando duro. Acordei cedo para terminar a encomenda de bolo de pote que me rendia uns trocados, o tempo todo olhando o celular para ter certeza que não iam desmarcar aquela entrevista. Depois tomei banho e me vesti para impressionar.

Com certeza eu usaria a saia de camurça ― era linda e de marca. Minha única roupa de loja famosa, tudo que me ligava ao mundo dos ricos e eu só tinha a peça porque a dona do brechó do meu bairro não conseguiu vender. Me fez um descontão depois que eu modelei para o Instagram dela e, depois de muitos likes e DMs, ficou claro que ninguém mais tinha a cintura da mulher que comprou a peça na loja chique e deu para alguém vender de segunda mão. Só eu.

Saia caramelo, blusa preta, sandália de salto médio e maquiagem simples. Todo o tempo enquanto me arrumava eu ensaiava as respostas para as perguntas imaginadas. Tudo em inglês. Eu tinha certeza que seria assim porque não tinha outra razão para essa empresa dos Jardins, um bairro rico, me chamar.

Assistente de secretária executiva era um cargo muito bom para mim, seria uma evolução enorme na minha vida e eu merecia! Fiz muita força estudando inglês sozinha online, assistindo seriados no TV box, decorando músicas e ensaiando em voz alta. Eu aprendia rápido e me comprometia com meu sucesso.

Meu longo cabelo com luzes loiras ficava melhor solto ou preso? Testei vários penteados até me decidir por um rabo de cavalo alto usando aqueles truques do Pinterest para ficar armado. Me olhei com cuidado e decidi que eu servia para o cargo, ia me encaixar na ‘empresa rica’, como dizia o site que vi na internet: Sede em Londres, com filiais em Nova York e Paris, abrindo agora em São Paulo. Gente fina e elegante, todos ricos cuidando daqueles números e gráficos da bolsa de valores. Certeza que precisavam de alguém para atender telefone e fazer backup. Essa seria eu!

Separei minha bolsinha preta, enfiei o telefone, documentos e a única nota de dinheiro que eu tinha; peguei a sacola de bolos de pote e respirei fundo.

― Quando eu voltar minha vida vai ser outra! ― Olhei em volta tentando me convencer daquilo e fechei os olhos por um momento desejando que meu sonho virasse realidade como conto de fadas.

― Tchau, mãe! ― gritei, mas só silêncio. ― Mãe? Mãe?

Devia estar dormindo ainda, era muito cedo para ela.

Tranquei a porta e sai rápido pelo corredorzinho ao lado da casa da minha tia-avó; era o único caminho da minha casa nos fundos do terreno, e infelizmente dava a chance da velha maldosa controlar nossas vidas. Eu me abaixei, passando pela janela da cozinha dela e já estava quase no portão quando ela apareceu.

― Já vai bater perna na rua, Marcinha?

Ah, que saco.

― Bom dia, tia Márcia ― falei sem me virar para vê-la na porta da sala. Aposto que nem abriu a grade, devia estar de camisola fazendo fofoca.

― Está muito cedo para ver homem na rua. Você é igualzinha sua mãe. Ainda bem que minha irmã morreu antes de ver a filha e a neta caírem nessa vida.

― Vou fazer uma entrevista de emprego ― disse, equilibrando a sacola de potes de bolo e abrindo o cadeado do portão ao mesmo tempo.

― Sei que tipo de entrevista vai ser esta.

― É lá no bairro dos Jardins e já estou atrasada.

― Lugar chique, hein?

― Por isso me arrumei.

― Sei. Parece que está indo para o puteiro com essa sainha curta.

Eu contei até dez para não xingar a tia que criou a minha mãe desde menina. Ela sempre era venenosa e não dava trégua nem mesmo para mim, que ganhei o nome dela.

― Até mais tarde, tia.

Ela nem respondeu, só bateu a porta.

Na rua, enquanto eu me esforçava para fechar o cadeado, ouvi me chamarem. Me virei e sorri para minha amiga Willow.

― Oi, amiga!

― Bom dia, Márcia Theodora. Para onde vai de saia cara à esta hora da manhã?

Eu fiz umas poses de tiktoker que ficariam lindas, se não fosse a sacola de encomendas.

― Tenho uma entrevista de emprego, lembra?

― Ah, é. Nos cavalos.

― Horsefall não tem nada a ver com cavalos. É uma empresa de investimentos.

― O nome é horrível. ― Willow pegou minha bolsa.

― Ah, obrigada. Tá difícil mexer nesse negócio.

― São essas unhas, sua traidora! ― Willow me cutucou. ― Colocou unha e não fez comigo! ― Ela puxou minha mão. ― Isso parece coisa daquela burra do salão da esquina.

― Fui lá mesmo. ― Fiz uma careta culpada. ― É mais barato.

― Eu teria feito de graça, você sabe.

― Por isso não fui, você precisa trabalhar e o dinheiro ia te fazer falta. Assim está bem, de longe. ― Estiquei a mão e mexi para lá e para cá.

― De perto está um horror.

― Eu sei.

― Mas a sobrancelha ficou legal. Cílios também.

― Gastei tudo que tinha ― contei enquanto andávamos pela rua. ― Queria estar bem hoje nesta entrevista.

― Se tirou a Chanel do armário é porque vale a pena. Dá um jeito de mostrar a etiqueta lá.

― Nem sei como tirar a roupa e virar do avesso em uma entrevista de emprego ― debochei. ― Me ensina? ― Ela riu.

 Acha um chefe gato!

― Boba!

― Vai arrasar, tenho certeza. É tão inteligente, fala inglês e tudo.

― Tomara. Preciso mudar minha vida. Só vou ter o dinheiro dessa encomenda para ir até lá. ― Levantei a sacola.

― Nem sei quantos ônibus você vai pegar…

― Três. Vou chegar lá quase atrasada se tudo der certo.

― Imagina pegar isso todo dia! ― Willow sacudiu a cabeça. ― Era melhor você trabalhar por aqui mesmo. Falo com a Buffy pra te contratar! Tem sempre vampiros demais por aqui!

Rimos juntas do nome bobo que a mãe dela escolheu.

― Falando sério. ― Minha amiga suspirou voltando do riso. ― Que tal a clínica da rua Direita?

― Prefiro os vampiros ricos dos Jardins.

― Mas você ainda é modelo das fotos do brechó, todo mundo elogia, até os caras.

― Sei bem o que eles querem ― desdenhei.

― Você podia continuar a fazer algum dinheiro trabalhando lá de vez em quando.

― O problema é que não é confiável. Às vezes tem, às vezes não. E a dona do brechó não gosta dos comentários para mim ao invés das roupas.

― Isso que estou te falando, lá você ia arrumar um namorado bem de vida!

― Esse dinheiro eu não quero.

― Boba.

― Você que é boba!

Chegamos no mercadinho e cumprimentamos a dona. Ela contou os potes de bolo, abriu um para provar e balançou a cabeça.

― Estão ótimos, Marcinha.

― Obrigada.

― Mas não vou poder continuar a comprar de você se vai ficar usando essas unhas grandes. Não é higiênico.

― Só coloquei para uma entrevista ― respondi, contando o dinheiro que ela me pagou. Era pouco, menos da metade que ela ganharia vendendo meus potes, mas me ajudaria e muito. Se eu ia passar o dia no bairro rico, não podia ir sem dinheiro nenhum. Enrolei e guardei metade no bolsinho com zíper escondido no forro da bolsa e o resto na carteira.

― Só fica suja em quem é porca ― disse Willow, indignada. ― Higiene serve para todo mundo.

Eu fui empurrando minha amiga para fora do mercadinho.

― Então está tudo certo. Obrigada! Até a semana que vem. ― Na rua, cutuquei o ombro dela. ― Você quase me faz perder a cliente.

― Essa mulher é uma burra! Falta de higiene! ― Bufou. ― Quem é porca é porca de unha curta ou longa.

Eu revirei os olhos.

― Vou indo para o ponto de ônibus.

― Vou contigo. De lá sigo para o salão. Tenho cliente marcada o dia todo.

Da Zona Leste até os Jardins era uma viagem e tanto. Levei duas horas para chegar, mas mesmo assim ainda dava tempo para a minha entrevista.

O endereço que me deram era um prédio baixo de poucos andares, com frente coberta por vegetação bem cuidada, seguranças engravatados e uma recepcionista usando um uniforme mais chique que minha saia Chanel original importada.

Fui encaminhada para uma sala no quarto andar e quase chorei ao ver mais três meninas lá, esperando. Tinha uma de óculos com cara de nerd, uma com maquiagem de youtuber e a terceira estava mais ocupada com o celular do que com todo o resto em volta. Uma outra recepcionista me deu um tablet para eu fazer minha ficha, e quando terminei sentei em uma das poltronas confortáveis. Esperei por horas observando o que a garota fazia, pensando se seria eu ali atrás do balcão a partir de amanhã.

Eu fui a última a ser chamada. Na sala de reunião estavam uma senhora de óculos e um rapaz lindo. Dava para ver pelo braço marcando o terno caro que ele era malhado, tinha barbicha caprichada e usava caneta tinteiro.

― Boa tarde, hummm, Márcia Theodora ― disse ele, muito sério, olhando um tablet. Devia estar lendo a minha ficha.

― Que nome! ― A mulher sorriu para mim.

― Minha mãe me batizou com os nomes da tia que a criou e do meu pai.

― Podemos usar Theodora? ― perguntou ele. ― Combina mais com você.

― Todos me chamam de Marcinha.

― Você é muito bonita! ― disse a mulher. ― Quantos anos você tem, querida?

― 19.

― Veja a ficha, Ana Maria ― resmungou ele, apontando o tablet na frente dela. ― Bem, hum, Márcia. ― Sacudiu a cabeça. ― Theo, com certeza. Mais adequado.

Eu sorri sem jeito. Ele era lindo e obviamente gay, e sério. Devia ser um dos chefes na Horsefall.

― Eu sou Angelino, ela é Ana Maria. O cargo que temos a te oferecer é para ajudá-la nas tarefas. Ela é minha parceira, mas trabalha somente aqui na sede de São Paulo. Somos assessores diretos de Milorde. A responsabilidade dela é cuidar de todos os documentos e traduções oficiais para Milorde quando ele está no Brasil.

― Milorde? ― Franzi a testa.

― É o dono, mocinha!

― Ah!… ― Que forma estranha de chamar o chefe.

― Então, você precisa provar que tem conhecimento da língua para isso ― disse olhando diretamente para mim como se fosse um desafio.

A partir dali passamos a falar em inglês e eu respondi tudo conforme me perguntaram cometendo só alguns deslizes. Acho que fui bem porque eles me deram um tablet com um documento, o qual avisaram ser falso, para eu levar para casa. A ordem era usar só o aparelho que não tinha internet para traduzir, revisar e trazer de volta no dia seguinte.

Na saída, vi que uma das garotas já estava devolvendo o tablet dela para a recepcionista. Será que ela já tinha feito? Ou será que desistiu?

Esperando o elevador, abri o documento e de cara já vi umas três pegadinhas de palavras que seriam fáceis de errar na tradução. O elevador fez pling e eu entrei, pensando que era melhor fazer com calma, eu não poderia perder aquela chance. Parei logo perto do painel de botões e nem reparei se tinha alguém lá dentro até o andar seguinte, quando o pling anunciou a abertura das portas de novo.

― Olha o pesado! ― gritaram uns homens entrando com um móvel enorme.

Só tive tempo de andar de ré até o fundo antes de eles enfiarem o embrulho enorme na cabine.

― Oh, desculpe ― eu disse quando senti que imprensei uma pessoa contra o fundo do elevador.

Ele grunhiu uma resposta, eu corei e fui empurrada ainda mais contra o cara pelos homens acomodando a mudança. Olhei por cima do ombro rapidamente, mas desviei os olhos porque fiquei tão sem graça de ver como ele era, alto e bonito, dava até para sentir o corpo rígido.

― Que que é isso? ― perguntei reclamando. Tentei desencostar do homem, mas não tinha mais espaço.

― Um piano, moça ― disse um dos carregadores.

Ouvi outro grunhido, me pareceu um xingamento em inglês.

― Não cabe aqui! ― reclamei de novo, tentando sair daquela situação de aperto. A porta fechou e o homem me segurou pelos quadris.

Eu senti todos os pelos do meu corpo arrepiarem. Minha saia era de camurça fina, dava para sentir o homem com detalhes demais.

― Já deu, moça. ― O carregador fez cara de quem pede desculpas.

O elevador começou a andar de novo, só que dessa vez parecia ir em marcha lenta; parou em todos os andares, dois, três, não sei. Só sabia das mãos grandes e fortes segurando meus quadris para eu não me mexer. O toque era delicado, apenas para me manter parada, mas não me impediu de ofegar e dar uma leve empinada com o quadril. Prendi o tablet contra o peito segurando com as duas mãos e abaixei a cabeça com vergonha de mostrar o rosto quente; sabia que ninguém veria as mãos dele porque o piano estava me escondendo da cintura para baixo. Meu corpo todo pinicava.

Quando finalmente o elevador chegou ao térreo e os homens começaram a manobrar o piano para tirá-lo dali, uma das pontas do embrulho bateu na porta.

Clung!

Eu estremeci e pensei: que droga, vai demorar mais ainda! Estava louca para sair dali e de perto daquelas mãos envolventes.

― Pelo amor de Deus.

A voz masculina sussurrou no meu ouvido. Eu não era a única sentindo os efeitos da proximidade, afinal.

― Tenta virar para o outro lado! ― disse um dos carregadores, nervoso.

Eu sentia a respiração quente do homem misterioso na minha nuca.

― Puta merda, seu cheiro é maravilhoso. E está me deixando louco de vontade de pôr minha mão dentro da sua saia.

Uma semana para se apaixonar

Virgine Coks

384 Páginas

Recomendado para maiores de 18 anos

Um homem de negócios encara apostas arriscadas, e Will não é só CEO de suas empresas, mas também um Duque de verdade!

Sua raiva inicial por ser aprisionado em um elevador vira desejo pela tentação que era a doce e virgem Theodora.
Ele pode resistir; ou pode provar o que o destino lhe apresenta de bandeja.
Ele deve resistir, sua vida não tem espaço para um amor; e no entanto, dá a Theo uma semana de paixão ardente.

Sem querer, eles acordam um fogo intenso que alimenta um amor devastador mais quente que lareira de castelo encantado.

Um Duque moderno.
Uma garota determinada a continuar virgem.
Uma semana de amor ardente.
Uma consequência inesperada.

Theo nunca mais vai ser a mesma.
Will vai fazer questão disso.

UMA SEMANA PARA SE APAIXONAR é um romance contemporâneo cheio de erotismo, romance e redenção. Venha seguir o louco amor de Theo e Will.

RECOMENDADO PARA MAIORES DE 18 ANOS

0
    0
    Carrinho
    Seu carrinho está vazio!Voltar à loja